As Filipinas, com suas mais de 7.600 ilhas, oferecem uma diversidade de experiências que pouquíssimos lugares no mundo conseguem igualar. De praias que parecem saídas de um sonho a cidades com profundas raízes históricas e locais com um passado complexo, o país convida os viajantes a uma jornada inesquecível. Conheça alguns dos destinos mais marcantes e descubra uma ilha que guarda uma das histórias mais tocantes do Sudeste Asiático.
Destinos Clássicos: As Joias da Coroa Filipina
Intramuros: O Coração Histórico de Manila No bairro de Intramuros, o núcleo colonial da capital Manila, a história filipina é palpável. As muralhas imponentes, os baluartes e as ruínas do Forte Santiago são testemunhas do domínio espanhol que durou até 1898. O grande destaque é a Igreja barroca de San Agustín, uma joia arquitetônica e Patrimônio Mundial da UNESCO, que sobreviveu a guerras e terremotos, contando a história da chegada do cristianismo ao país.
Palawan: Natureza em Estado Bruto A ilha de Palawan é mundialmente famosa por suas lagoas de água azul-turquesa, formações rochosas de calcário e praias intocadas. Uma de suas atrações mais espetaculares é o Parque Nacional do Rio Subterrâneo de Puerto Princesa, também Patrimônio Natural da Humanidade. Um passeio de barco por este rio, que corre por dentro de uma gigantesca caverna de calcário, é uma experiência verdadeiramente mágica e inesquecível.
Recifes de Tubbataha: Um Santuário Subaquático Para os amantes do mergulho, os Recifes de Tubbataha são um destino lendário. Localizado a 165 quilômetros a sudeste de Puerto Princesa, este parque marinho, composto por dois atóis de corais, é outro Patrimônio Mundial da UNESCO. A vida marinha é simplesmente fantástica, oferecendo encontros com arraias-manta, tartarugas marinhas e diversas espécies de tubarões, incluindo o tubarão-martelo e o majestoso tubarão-baleia.
Boracay e Bohol: Ícones de Beleza Natural Na ilha de Boracay, a White Beach cumpre todas as promessas de um paraíso tropical. Com quatro quilômetros de extensão, sua areia é incrivelmente branca e fina como talco. É o lugar perfeito para relaxar ao sol e praticar esportes aquáticos. Já na ilha de Bohol, as “Colinas de Chocolate” (Chocolate Hills) apresentam um fenômeno geológico único. São mais de 1.200 colinas quase simétricas que, durante a estação seca, adquirem uma coloração marrom, lembrando bombons de chocolate.
Cebu e Sagada: Cultura, Aventura e Tradição A ilha de Cebu combina perfeitamente história e natureza. O Cruzeiro de Magalhães marca o local da chegada do cristianismo, enquanto o Forte San Pedro remete ao período colonial espanhol. Para os aventureiros, as Cachoeiras Kawasan oferecem águas cristalinas para um mergulho refrescante, e o litoral de Moalboal é famoso por seu vibrante mundo subaquático. No norte da ilha de Luzon, a cidade montanhosa de Sagada, a 1.600 metros de altitude, revela tradições funerárias únicas. Na Caverna Lumiang, centenas de caixões de pedra estão empilhados. Ainda mais impressionantes são os famosos “caixões suspensos”, pendurados em penhascos, uma prática antiga para proteger os mortos de saqueadores e animais selvagens.
Culion: O Paraíso Perdido com uma História Profunda
Longe dos roteiros turísticos mais movimentados, existe uma ilha que oferece uma experiência completamente diferente: Culion. Com praias desertas, uma história sombria e um povo acolhedor, este é um destino para quem busca mais do que apenas paisagens bonitas.
Um Refúgio Longe do Turismo de Massa Culion é o oposto do turismo excessivo. “Culion é um paraíso insular perdido”, afirma John Lisboa, diretor do museu local. A ilha é composta por colinas, baías tranquilas, vilas de pescadores e cachoeiras, com praias praticamente desertas. Não há resorts de luxo, poucos visitantes, nem locadoras de carro ou transporte público regular. Chegar aqui exige um espírito pioneiro e a disposição para explorar estradas de concreto e trilhas de terra de moto ou triciclo.
As Sombras de um Passado Doloroso A beleza ensolarada de Culion esconde um passado sombrio, razão pela qual seu museu e arquivos são reconhecidos pela UNESCO como Patrimônio Documental da Humanidade. A história da ilha está intrinsecamente ligada a uma doença devastadora. “Culion já foi a maior colônia organizada para leprosos do mundo”, explica Lisboa, de 58 anos. Ele lamenta que, até hoje, precise “lutar contra o estigma e o preconceito”.
A hanseníase (lepra) foi completamente erradicada da ilha, o isolamento acabou, e a colônia se tornou um município comum desde meados da década de 1990. Lisboa, cujos avós trabalharam na administração da colônia, garante que os visitantes não precisam ter nenhuma preocupação.
Testemunhas da História Em 1902, o governo colonial americano iniciou a construção de uma colônia para pacientes com hanseníase em Culion, escolhida por sua localização estratégica e recursos hídricos. Os habitantes originais foram realocados, e os primeiros pacientes chegaram em 1906. A partir de então, pessoas infectadas de todo o país eram deportadas para a ilha, onde recebiam moradia e cuidados médicos. Um padre jesuíta e quatro freiras francesas ofereciam apoio espiritual. Em seu auge, em 1935, a ilha abrigava 7.000 pacientes.
“Culion também foi um centro de pesquisa para cientistas que buscavam a cura”, relembra Lisboa, que não hesita em expor as verdades difíceis: “Os pacientes eram tratados como prisioneiros. Era a ilha dos mortos-vivos, uma ilha sem retorno. Ninguém saía daqui.” Hoje, visitar Culion é uma oportunidade única de conhecer não apenas um paraíso natural, mas também uma poderosa história de sofrimento, pesquisa e superação humana.