O Gigante dos Mares: O Sucesso da Royal Caribbean e a Engenharia por Trás de Seus Navios

O Gigante dos Mares: O Sucesso da Royal Caribbean e a Engenharia por Trás de Seus Navios

A Royal Caribbean Cruises (NYSE:RCL) tem se destacado no mercado com um desempenho notável nos últimos anos, apresentando retornos excepcionais que superam o índice S&P 500. A empresa não apenas se recuperou com força no período pós-pandemia, mas também viu suas receitas, lucros e fluxo de caixa dispararem, consolidando sua posição como uma líder no setor de cruzeiros.

Saúde Financeira e Avaliação de Mercado

A gestão da Royal Caribbean demonstrou uma grande competência ao melhorar a saúde financeira da companhia. Houve uma redução significativa da dívida líquida e da alavancagem, enquanto a empresa capitalizava em uma indústria de cruzeiros robusta e em expansão, com uma demanda que se mostra resiliente.

Apesar da excelência operacional e dos ventos favoráveis do setor, as ações da RCL são negociadas com um prêmio (premium) em relação a concorrentes como a Carnival e a Norwegian Cruise Line, o que torna a sua avaliação um ponto de preocupação para investidores. Diante dessa avaliação relativa mais alta, e apesar dos sólidos fundamentos e das perspectivas de crescimento a longo prazo, a recomendação de analistas tende a ser de ‘manter’ as ações.

Os Motores Colossais por Trás dos Gigantes

Parte fundamental do sucesso da empresa é visível em seus navios, que são verdadeiras cidades flutuantes. O Icon of the Seas, por exemplo, é uma prova de escala e engenharia. Com 365 metros de comprimento e um peso de 248.663 toneladas brutas, ele é atualmente o maior navio de cruzeiro do mundo. Com 20 decks, ele pode acomodar 7.600 passageiros e 2.350 tripulantes. Para mover uma estrutura dessa magnitude, são necessários motores igualmente impressionantes.

Nas profundezas dos conveses inferiores desses navios, encontram-se os motores Wärtsilä, verdadeiras usinas de força que equipam muitos dos maiores cruzeiros do mundo. Para se ter uma ideia, imagine um motor do tamanho aproximado de um ônibus urbano, mas pesando dez vezes mais. A Wärtsilä, no entanto, não está sozinha nesse mercado. Outro gigante é o motor Caterpillar MaK de 16 cilindros, que é ainda maior e capaz de gerar 20.710 cavalos de potência, ou 15,4 megawatts.

Um Mergulho na Engenharia Naval

A Wärtsilä é a marca dominante, equipando nada menos que sete dos dez maiores navios de cruzeiro do mundo. O Icon of the Seas utiliza seis desses colossos: três de 14 cilindros e três de 12 cilindros. O motor de 12 cilindros pesa 203 toneladas e mede aproximadamente 10,4 metros de comprimento. A versão de 14 cilindros é ainda maior, com 245 toneladas e quase 12 metros de comprimento.

Curiosamente, o maior navio de cruzeiro do mundo não usa o maior motor Wärtsilä disponível. Esse título pertence à versão de 16 cilindros, um gigante com 12,5 metros de comprimento, que pesa 259 toneladas e produz incríveis 24.500 cavalos de potência. Além dos motores principais, os navios contam com propulsores gigantescos, como os propulsores Azipod instalados no Icon of the Seas. Cada um pesa mais de 200 toneladas e gera 20 megawatts (cerca de 27.000 cavalos de potência). Mesmo com seu tamanho imenso, o propulsor Azipod pode girar 360 graus, eliminando a necessidade de um leme tradicional.

O Custo Ambiental do Gigantismo

Motores tão massivos, naturalmente, consomem uma quantidade enorme de combustível. O navio Harmony of the Seas, por exemplo, consome cerca de 5.200 litros de combustível por hora em potência máxima, o que equivale a mais de 220.000 litros por dia. Alguns navios chegam a consumir mais de 300.000 litros diariamente. Esse consumo resulta em emissões poluentes significativas.

Um estudo europeu de 2017 revelou que a Royal Caribbean emitiu quatro vezes mais óxido de enxofre nas costas da Europa do que todos os carros do continente combinados. A Carnival teve um desempenho ainda pior, emitindo dez vezes mais. Para mitigar esse impacto, muitos navios novos, como o Icon of the Seas, estão sendo equipados com motores que podem operar com Gás Natural Liquefeito (GNL). A Royal Caribbean espera que isso reduza as emissões de enxofre a zero e as emissões de carbono em 70%.

No entanto, o uso de GNL é uma faca de dois gumes. Embora mais limpo em alguns aspectos, ele frequentemente resulta na liberação de metano – um gás de efeito estufa 80 vezes mais potente que o dióxido de carbono – diretamente na atmosfera. À medida que os navios de cruzeiro continuam a crescer, suas necessidades energéticas também aumentam, e o desafio de tornar essas cidades flutuantes verdadeiramente sustentáveis permanece.